Mecanismo hoje restrito às mais modernas estações de metrô da capital paulista, como as da Linha 4-Amarela e da expansão da Linha 2-Verde, as portas de plataforma também deverão compor o cenário do futuro corredor de ônibus da Radial Leste. Além do equipamento que impede a queda de passageiros e objetos nos trilhos, a obra terá outros avanços tecnológicos. A construção da faixa exclusiva, porém, está atrasada.
Pelo projeto dos técnicos da São Paulo Transporte (SPTrans), empresa controlada pela Prefeitura de São Paulo que gerencia os coletivos, as 19 paradas do corredor serão equipadas com barreiras de vidro temperado, separando as plataformas da via onde rodarão os ônibus e coladas ao canteiro central.
As portas só se abrirão quando os ônibus pararem a seu lado. A comunicação entre o aparelho e a porta dos coletivos será por radiofrequência. Um sinal luminoso e outro sonoro indicarão o momento de abertura e fechamento dos dispositivos.
Outra novidade é que a cobrança da tarifa, geralmente feita pelos usuários com o bilhete único, ocorrerá fora dos ônibus, diferentemente de como é hoje, dentro dos coletivos. Segundo o estudo, a tarifação realizada em catracas externas – semelhante à que existe em Curitiba – “resolve bem o gargalo” no embarque e desembarque.
O consultor Flamínio Fichmann concorda com essa avaliação. “A bilhetagem fora já deveria existir em todas as paradas de todos os corredores da cidade. Ela diminui o tempo do embarque dos passageiros nos horários de maior movimento.”
O especialista explica que, nos horários de rush, a grande quantidade de pessoas entrando no veículo provoca filas, pois cada usuário tem de passar pelo bloqueio em seu interior. Isso impede que o ônibus feche as portas e siga viagem em tempo menor, piorando o congestionamento no corredor.
Para ele, esse mecanismo só não foi adotado na capital “por falta de senso técnico” da Prefeitura, já que o investimento necessário à sua aplicação não é alto.
O professor Creso de Franco Peixoto, da Fundação Educacional Inaciana (FEI), avalia que cada pessoas leva, em média, 20 segundos para vencer a catraca. “Se o bloqueio fosse fora, a velocidade do veículo cresceria. Se subisse de 8 km/h para 10 km/h, já seria um aumento de 25% de produtividade.”
Sobre as portas de plataforma, Fichmann também acredita que sua adoção seria positiva. Além da segurança das pessoas que aguardam o ônibus, ele suspeita que a barreira desestimularia o pedestre a atravessar fora da faixa para chegar às plataformas.
Ecológicas. Com 17 km de extensão entre o centro de São Paulo e Itaquera, o corredor da Radial Leste também poderá ter suas paradas alimentadas com energia solar e pontos de ônibus ecologicamente corretos. O estudo, dos técnicos Angelo Fêde, Gilberto Teixeira, Wilma dos Santos e Caio Paiva Ferreira, prevê que cada ponto tenha uma central de captação de energia fotovoltaica no teto. As propostas feitas pelos profissionais da SPTrans ainda serão avaliadas.
A obra do corredor deveria ter começado em 2011, mas atrasou. No fim do ano passado, a nova expectativa era de que fosse iniciasse no segundo semestre de 2013. Mas, em dezembro, a Justiça pediu a suspensão do programa onde está inserido o projeto do corredor. O primeiro trecho, do centro ao bairro do Tatuapé, deve custar R$ 150 milhões. Cerca de 600 mil passageiros o usarão por dia.
Fonte: O Estado de S. Paulo