A confirmação da abertura da Copa do Mundo de 2014 no futuro estádio do Corinthians, no guia do bairro Itaquera (zona leste de SP), deverá impulsionar o desenvolvimento da região, o que poderá mudar as características do bairro, que possui IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) de 0,795. Só para se ter uma comparação, em Pinheiros (zona oeste) esse índice é de 0,976.
Com uma população maior do que a de muitas cidades, cerca de 524 mil habitantes, segundo o IBGE, Itaquera reúne mais de 2,6 mil empresas de serviços e mil indústrias, segundo dados do Sebrae.
O jogo de abertura da Copa e outras cinco partidas a serem disputadas (leia mais à página 22) devem fazer com que os cerca de R$ 500 milhões em investimentos prometidos pelos governos estadual e municipal se concretizem. A estimativa é que outros R$ 500 milhões devem ser investidos pela iniciativa privada até 2014.
Pelo convênio firmado entre as duas esferas de governo, serão R$ 345 milhões do Estado e outros R$ 132 milhões do município.
O pacote inclui desde obras viárias para facilitar o acesso ao estádio até equipamentos de profissionalização e segurança. Unidades da Polícia Militar, Corpo de Bombeiros, Fórum, rodoviária, Fatec (Faculdade de Tecnologia) e Senai estão na lista.
Um dos primeiros impactos já sentidos na região é a valorização imobiliária. O mercado estima que os imóveis já tenham valorizado 20% desde que a construção do Itaquerão teve início.
Arquibancada móvel
O governador Geraldo Alckmin, que assistiu ao anúncio no futuro estádio de Itaquera, disse que vai estudar alternativas para bancar a arquibancada móvel que dará condições de a arena comportar o número minímo de torcedores exigidos pela Fifa.
O estádio em construção terá 48 mil lugares. Para atender às exigência da Fifa, será necessário construir arquibancadas provisórias, elevando o número de assentos para 68 mil. O governo de São Paulo procura parceiros para a construção de duas arquibancadas removíveis, que poderão custar até R$ 50 milhões. “Esse é um trabalho sobre o qual nós vamos nos debruçar daqui para a frente”, disse Alckmin.
Bairros ganharam com Pacaembu e Morumbi
Os estádios do Pacaembu e do Morumbi trouxeram mais benefícios do que prejuízos para os seus bairros, tanto que a duas áreas são nobres.
A instalação do estádio no Pacaembu surgiu da necessidade da Companhia City, incorporadora inglesa que comprou terrenos na região a partir de 1912, de impulsionar o local. Para isso, a City queria uma grande obra no local. Em 1935, a companhia doou à prefeitura o terreno onde, no ano seguinte, começou a ser erguido o Estádio Municipal de São Paulo. A estratégia deu certo. Em 1939, metade dos terrenos do Pacaembu já estava vendida. “Um investimento desse porte atrai serviços que, de outro modo, poderiam levar muito tempo para ir para a área”, disse ao site G1 o professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP Nestor Goulart Reis Filho.
No caso do Morumbi, a construção do estádio, finalizada em 1960, fez o bairro crescer rapidamente, mantendo as áreas de alto padrão que já se desenhavam à época da construção. A deficiência no sistema de transportes, no entanto, fez com que trabalhadores das casas de luxo logo habitassem comunidades próximas.
“O Morumbi tem um lado muito cruel porque está, nesses anos todos, totalmente desconectado do sistema de transporte público. Tanto que, quando tem jogo de domingo, a pefeitura coloca dezenas de ônibus extras”, afirmou ao G1 o professor do Mackenzie Antonio Claudio Fonseca.
Fonte: Portal Destak